Masters of Wine

Os Masters of Wine: Victoria Stephens-Clarkson

Os Masters of Wine: Victoria Stephens-Clarkson

Victoria Stephens-Clarkson ostenta o prestigioso título de Master of Wine desde 2015 e sua carreira abrange experiência trabalhando nas áreas de importações, atacado e diretamente com o consumidor final. Atualmente, ela dirige a empresa The Little Fine Wine Company no Reino Unido, que se especializa em vinhos finos em formatos pequenos.

Amanda Barnes entrevistou a Victoria em virtude da sua visita ao Uruguai o ano passado para descobrir quais foram as suas impressões dos vinhos uruguaios e porque ela pensa que este pequeno país pode ter uma grande repercussão nos visitantes e nos consumidores de vinho.

AB: Qual é a sua impressão sobre o vinho uruguaio e o que faz dele um país único na produção de vinhos?

VSC: A minha primeira impressão foi perceber que há alguns vinhos interessantes cheios de potencial a futuro. Como uma região produtora de vinhos, o Uruguai é pequeno, porém sua proposta única de valor é certamente a combinação de sol, temperaturas cálidas e, para muitas áreas de vinhedos, a proximidade às costas. 

Há desafios relacionados com os níveis de umidade, mas se for possível lidar com isso, então o estilo fresco dos vinhos (sem comprometer a fruta) parece ser interessante. Além disso, a principal variedade de uva do Uruguai, o Tannat, parece apropriado para o clima e gera um estilo interessante de vinhos. 

AB: Por quais regiões, estilos ou variedades você se sentiu mais empolgada ou interessada na sua recente visita?

VSC: Eu pensei que Canelones e Maldonado se mostraram particularmente bem. Canelones devido talvez ao número de experientes produtores e vinícolas estabelecidos no departamento; e Maldonado devido ao terreno interessante e ao aumento de investimento. Ambos os dois tinham potencial para frutas e frescura nos vinhos, o que é fundamental.  

AB: Quais você pensa que são as melhores oportunidades para os vinhos uruguaios no mercado de exportação a futuro?

VSC: Eu penso que o Tannat poderia fornecer uma interessantíssima oportunidade se houvessem mais exemplos dessa variedade sendo exportada, e a boa qualidade fosse consistente. 

“O Uruguai está encaminhado na direção correta por ter o foco no crescimento sustentável do vinho e na rastreabilidade”.

— VICTORIA STEPHENS-CLARKSON

Não parece especialmente empolgante no papel, mas a ideia de ótimos vinhos, produzidos maiormente de forma orgânica, provenientes de um lugar diferenciado e feito por pequenos produtores poder ser uma mensagem de qualidade muito poderosa, ao tempo que uma história maravilhosa

Além do mais, o Uruguai é belíssimo do ponto de vista turístico - com todas suas praias, vinhedos maravilhosos, a proximidade às cidades e pelo fato de ser um rápido pulo entre a Argentina e o Brasil. Acrescente a isso o elemento visual de boa comida e bons vinhos para serem degustados curtindo o sol e creio que o Uruguai tem uma mistura realmente interessante que irá atrais os mercados de exportação. Sempre que o vinho seja de ótima qualidade, o único desafio será manter uma mensagem forte que abranja esses elementos!

AB: Que vinhos são tendência no Reino Unido nesse momento, ou o que o mercado inglês está procurando?

VSC: Geralmente, apesar do Reino Unido ser um mercado maduro, que experimentou uma consolidação significativa recentemente, eu sinto que há uma mudança em direção a uma maior diversificação tanto do vinho quanto da oferta de bebidas como um todo. As variedades de uvas como Chardonnay, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon ainda são grandes representantes em termos de volume, mas há uma necessidade de boas histórias e algo diferente nos cardápios dos de restaurantes e nas prateleiras das lojas, e por isso acho que a uva picpoul, por exemplo, se saiu bem nos últimos anos. 

 

Várias influências, como o surgimento de um cenário natural do vinho, a proliferação de bares de vinhos, o sucesso dos espaços voltados a cervejas artesanais e bebidas espirituosas, conduziram a que, em muitas partes do país, existam consumidores procurando por uma novidade, algo empolgante e diferente do vinho também. 

No comércio on-line premium, houve uma virada para estilos de vinho mais frescos e com mais experimentação, principalmente do Novo Mundo. No entanto, pode ser que as maiores histórias de sucesso acontecerão onde haja uma maior escolha do consumidor, não exatamente no estilo do vinho, mas em termos da garrafa (ou lata ou embalagem bag-in-box) em que o vinho é vendido e a história que é comunicada na etiqueta. 

AB: Quais estilos e vinhos do Uruguai você pensa que poderiam ter presságios de um bom futuro no Reino Unido? 

VSC: O mercado do Reino Unido parece estar polarizando, e acho que as regiões e os produtores de nicho se sairão bem, e é aí que o Uruguai poderia apelar, considerando que é novo para muitos consumidores do Reino Unido e tem foco em pequenos produtores e empresas. Não estou dizendo que será fácil, mas há claramente um potencial de se concentrar nos próprios produtores, em suas histórias e nas vantagens naturais do país, além de levar as pessoas a bordo do trem Tannat! 

“O mercado do Reino Unido parece estar polarizando, e acho que as regiões e os produtores de nicho se sairão bem, e é aí que o Uruguai poderia apelar (...)”— VICTORIA STEPHENS-CLARKSON

Com certeza, o Tannat possui o melhor futuro, com bom potencial para Rosés também e um estilo fresco nos vinhos brancos. Pessoalmente, senti que o Pinot Noir não tem um futuro tão marcado para o Uruguai e, com muitos ótimos Pinot Noir de outras partes do mundo, seria melhor olhar para o Malbec, por exemplo, como outra variedade de vinho tinto para exportação. 

AB: Como foi a sua experiência visitando o Uruguai e experimentando um pouco da cultura local e das pessoas?

VSC: Foi ótimo visitar o Uruguai e aprender mais sobre a história, além de desfrutar da sua maravilhosa culinária (principalmente o bife!), bem como conhecer muitos produtores de vinho. É um ótimo país e eu adoraria voltar! 

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