Masters of Wine

Masters of Wine: Peter Richards

Masters of Wine: Peter Richards

Peter Richards é um dos comunicadores de vinhos mais amados do Reino Unido - apresentando programas de TV, séries de rádio e inúmeros eventos relacionados com os vinhos em todo o país, frequentemente fazendo a dupla dinâmica dos vinhos com sua esposa (e também Master of Wine), Susie Barrie Ilustre autor e jornalista de vinhos, Peter é o diretor regional da revista Decanter para o Chile e é versado em vinhos sul-americanos, sendo que morou anteriormente no Chile e no Peru.

Amanda Barnes entrevistou Peter Richard em relação à sua primeira viagem ao Uruguai em 2018 e por que essa pequena nação do vinho foi uma revelação para ele. 

AB: Qual é a sua impressão sobre o vinho uruguaio e o que faz dele um país único na produção de vinhos?

PR: O vinho uruguaio habita um nicho fascinante e promissor. Por um lado, é imensamente variado - desde efervescentes a vinhos fortificados, passando por um amplo leque de estilos variados no meio. Também há uma sensação de consistência nos vinhos - frescos, otimistas, elegantes, nas mesas dos seus lares, gastronômicos, provocadores... Os vinhos uruguaios são a intelligentsia do cenário global do vinho. Os tipos gentis e misteriosos da festa. 

Os vinhos uruguaios são sempre surpreendentes e de abrir os olhos nesse sentido. Tanto sua enorme diversidade quanto seu grande potencial - e o fato de muitas pessoas não o conhecerem tão bem quanto merece. 

Como país, o que o torna único é a confluência do Velho e do Novo Mundo na mesma taça. O ar fresco do Atlântico modera o clima temperado, criando estilos elegantes. Portanto, é um brilhante estilo que abrange vermelhos e brancos. 

Eu também acho que o Uruguai tem tantas vantagens potenciais em termos de contar sua história, devido à natureza do país, o que vai além do vinho. A comida, a política progressista, as credenciais sustentáveis ... há muito do que falar.

AB: Com quais estilos ou variedades você ficou particularmente animado em sua recente visita?

PR: Há tantas opções para escolher! Há um potencial extraordinário nos vinhos brancos, que atualmente são pouco explorados. Eu adorei o Alvarinho e acredito que será uma estrela no Uruguai. Também o Petit Manseng (que se assemelha ao Tannat em termos da origem francesa do sudoeste), Viognier, Chardonnay…

Nos vinhos tintos, o Tannat ainda está sendo explorado. Eu amo os estilos sem passo por barricas de carvalho e elegantes que estão sendo feitos agora (um mundo longe dos brutos tânicos de antes). Eles são belíssimos. E como se fosse pouco, o Tannat pode criar tantos estilos, incluindo vinhos doces e fortificados, que eu também amo. Eu descrevo o Tannat como uma pedra líquida.

O Merlot também cria adoráveis estilos cheios de charme e frescura (e raros de encontrar), e o Uruguai tem um bom Cabernet Franc, um adorável Marselan e um enorme potencial com as variedades Pinot Noir e italianas ... E isso é apenas para começar!

O que também foi claro é a elegância inerente ao estilo, sem a doçura e o estilo voluptuoso de muitos vinhos sul-americanos, mas com mais restrição e frescura. Os vinhos uruguaios possuem uma tensão natural imbuídos desse moderado clima do Atlântico e dos produtores que apreciam o caráter dos vinhos.

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AB: O que você acha que faz o Uruguai se destacar ao lado de seus vizinhos sul-americanos?

PR: Muito! Você só precisa ver o que surpreende as pessoas ao conhecer o Uruguai ...

Visitar o Uruguai foi uma espécie de epifania pessoal. É uma verdadeira alegria encontrar esta nação com a atenção voltado ao exterior, onde o número anual de turistas ultrapassa facilmente a população total. Fiquei surpreso ao saber o quão progressivo o país é - com votação obrigatória, educação pública gratuita, aborto e casamento gay legalizado, líder histórico em direitos das mulheres, maconha não apenas legalizada, mas produzida pelo estado, obrigatoriedade de oferecer opções veganas em 10% do cardápio e uma matriz energética com 90% da energia renovável…

“Visitar o Uruguai foi uma espécie de epifania pessoal ”.

— PETER RICHARDS, MW.

O temperamento nacional não corresponde com a imagem típica do sul-americano extrovertido - é modesto mas imensamente cativante.

E então você se submerge nos vinhos ... Há uma grande diferença aqui, em comparação com a Argentina e o Chile, por exemplo. O Uruguai geralmente é menos pretensioso, mais elegante e mais gastronômico, ouso dizer que é o Velho Mundo em grande estilo.

AB: Quais você pensa que são as melhores oportunidades para os vinhos uruguaios no mercado de exportação a futuro?

PR: Focando na qualidade. Especializando-se no que o Uruguai faz melhor. O Uruguai tem um estilo cruzado de brancos frescos e com caráter, além de tintos elegantes e de fácil maridagem. Juntamente com os outros estilos mais esotéricos. 

Eu acho que o Uruguai também deve enfatizar todas as outras mensagens positivas sobre o país, e focar na mensagem de sustentabilidade seria bom para o Uruguai.

Promover o mercado interno, trasladando ao consumidor do vinho de mesa para o vinho fino é fundamental. No entanto, as exportações farão a diferença para o sucesso do Uruguai no longo prazo no mundo dos vinhos. Como mostram os números, o foco no vinho engarrafado oferece o potencial de crescimento e lucratividade mais estável no longo prazo. Este é o principal campo de batalha - e para ter sucesso aqui, você precisa de qualidade, caráter único, paciência e determinação, ao tempo em que você precisa se comunicar. Tem de cultivar relacionamentos com seus vizinhos, principalmente o Brasil. Mas não negligencie mercados mais distantes, como a China ou nós no Reino Unido, por favor!

AB: Quais estilos e vinhos do Uruguai você pensa que poderiam ter presságios de um bom futuro no Reino Unido em especial? 

PR: Tintos produzidos elegantemente de forma artesanal com intensidade, mas também com sofisticação e frescura. Principalmente com base no Tannat, mas outras variedades como Merlot, Cabernet Franc e Marselan também poderiam se sair bem.

“O Tannat ainda não é conhecido? É preciso dar tempo para que isso aconteça. Tem de se manter o excelente trabalho nos vinhedos e n as vinícolas, tornando o vinho acessível, mas sem perder seu caráter único. ”.— PETER RICHARDS, MW.

Também os vinhos brancos, por exemplo, o Alvarinho ou Petit Manseng, que podem fazer diferença. O Reino Unido clama por esse estilo gastronômico fresco, que se dá bem aqui. Acredito que o Uruguai deveria maximizar esse estilo que mistura o brilho do Novo Mundo com a frescura e elegância do Atlântico.

AB: Como foi a sua experiência visitando o Uruguai e experimentando um pouco da cultura local e das pessoas?

PR: Em uma palavra - gloriosa! Foi uma experiência que abriu os meus olhos e me aportou muitos aprendizados. Aqui temos este pequeno país escondido, como o segredo mais bem guardado de América do Sul. E tão pronto quanto você o conhece, fica impressionado! Você não consegue entender como você não conhecia esse lugar...

É genuinamente surpreendente, de um modo maravilhoso. Eu me sinto uma melhor pessoa depois de ter conhecido o Uruguai - e mesmo não conhecendo o país como se deve, e realmente pretendo continuar aprendendo mais. 

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