Enologistas além das fronteiras

Enologistas além das fronteiras: Hans Vinding Diers

Enologistas além das fronteiras: Hans Vinding Diers

Hans Vinding Diers nasceu em Stellenbosch, foi criado em Bordeaux e já produziu vinhos em 10 países diferentes e 4 continentes. Com mais de 50 colheitas no seu haver, ele se tornou um dos enologistas mais cobiçados da América do Sul. 

Desde 2017 Hans tem trabalhado como enologista consultor para a Vinícola Oceánica José Ignacio, um vinhedo novo e inovador nas costas de Maldonado, onde uma jovem família empreendedora de Montevidéu plantou uvas pela primeira vez em 2012. A vinícola boutique, de Marcelo Conserva e Natalia Welker, produz Pinot Noir, Chardonnay, Alvarinho e Tannat frecos e costeiros.

Amanda Barnes entrevistou Hans à respeito do que o convenceu de trabalhar no projeto e por que o Uruguai é um dos países produtores de vinhos mais empolgantes na América do Sul hoje em dia.

 AB: Com o vinho de que outro país você considera que o vinho uruguaio pode ser mais bem comparado? 

HVD: Me lembra um pouco de Portugal. O Uruguai tem esse mesmo efeito de um lugar pequeno com um clima marítimo sobre o oceano atlântico, com o clima bastante variado. Além disso, eles têm em comum a variedade Alvarinho! Através da minha história fazendo vinho em Bordeaux, eu também posso encontrar semelhanças com a influência atlântica.

 AB: O que empolga você sobre produzir vinho no Uruguai?

HVD: A primeira vez que eu vim aqui foi como enologista em qualidade de consultor no ano de 1998 à vinícola Pisano. E naquele momento eu já pensava que eles estavam fazendo um trabalho o suficientemente bom fazendo seus vinhos. Eles realmente não precisavam de mim, eu simplesmente os ajudei com o desenvolvimento de algumas tecnologias naquele momento. 

Agora voltar ao Uruguai, quando Natalia e Marcelo me ligaram, eu logo pensei ‘por que não?’ Principalmente, porque eu penso que o clima está mudando em todos lados, e no caso do Uruguai está mudando para melhor. Eu não sou Deus, eu não posso prever o futuro... mas está ficando mais seco. E a minha intuição me diz que é um bom momento para o Uruguai. 

“O efeito marítimo no Uruguai é muito interessante, e ainda mais para os vinhos brancos. Acredito que o Uruguai possa ter uma janela aberta para alguns dos melhores vinhos brancos da América do Sul”.

— HANS VINDING DIERS

AB: Conte um pouco sobre o que você encontrou aqui nos vinhedos de José Ignacio e o que faz dessas terras únicas.

HVD: Ainda é muito cedo, mas encontramos uma salinidade nos vinhos, uma certa delicadeza que os deixa bem equilibrados. Não há pontos extremos nos nossos vinhos - eles não são muito marcados, austeros ou expressivos. Considero que são equilibrados. 

 Esta é a minha segunda vindima em José Ignacio, e enquanto o ano passado foi muito seco, este ano está sendo muito úmido. Portanto, a causa disso podemos ter uma boa ideia do que essas terras fazem possível. Além do mais, sempre temos essa ótima brisa com noites frias e dias quentes. 

Os solos são também muito interessantes, com uma mistura de solos calcários, com pedra calcária, argila, balastro… Eles têm uma boa drenagem de forma natural e as videiras são plantadas em encostas.

O que também faz de José Ignacio único é a sua exposição. O fato de ficar há dez minutos de distância do oceano Atlântico e de ter uma lagoa atrás de nós cria um micro clima especial. É um clima bastante temperado - e funciona!

AB: Você tem muitos anos de experiência trabalhando em vários países ao redor do mundo. Como se compara com a experiência de trabalhar com famílias produtoras de vinhos do Uruguai?

HVD: São as melhores. Realmente! Nós trabalhamos juntos, mas ao mesmo tempo somos amigos. Pensamos da mesma forma e é muito prazeroso. 

 

Honestamente, eu tinha interesse por mais projetos. Eu estou muito focado no meu próprio vinhedo na Argentina, Noemia, porém este trabalho me diverte muito. Traz consigo muitas responsabilidades, mas também muitas alegrias. Eu estou gostando muito! 

 É lindo trabalhar com um clima marítimo, comparado com o continental. O Uruguai é um respiro de ar fresco e nós estamos descobrindo essas terras interessantes. Estamos tentando levar os vinhedos para as taças.

AB: Por que você considera que este é um bom momento para os vinhos uruguaios?

HVD: Eu acredito que há certo aborrecimento no mercado pelos vinhos da Argentina e do Chile, e o Uruguai tem algo diferente a oferecer. Conta com vinhos brancos de diferentes sabores. E muitos outros produtos! O Uruguai é muito ambicioso de uma certa forma, e você consegue ótimos azeites de oliva, queijos maravilhosos e outros alimentos muito bons.

AB: Qual é o potencial do Uruguai como produtor de vinhos, na sua opinião?

HVD: Penso que há novas áreas, como aqui em Maldonado, que estão se desenvolvendo bastante rápido e há vinhedos surgindo aqui e ali o tempo todo, com pessoas com diferentes ideias. Há sangue jovem vindo e pessoas que querem experimentar coisas diferentes. 

“Considerando o movimento global geral que se afasta do uso da madeira de carvalho, dos vinhos concentrados e dos vinhos elegantes e frescos, o Uruguai entra nessa faixa no momento certo!”— HANS VINDING DIERS

VINÍCOLA OCEÁNICA JOSÉ IGNACIO
Rodovia 9, km 156
José Ignacio, Maldonado, Uruguai
www.ojoseignacio.com

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