Enologistas além das fronteiras

Enologistas além das fronteiras: Paul Hobbs

Enologistas além das fronteiras: Paul Hobbs

Paul Hobbs é um dos consultores mais respeitados do mundo em termos de vinicultura e já produziu vinhos no Novo Mundo e no Velho Mundo. Embora Hobbs more principalmente na Califórnia, é renomado em especial pela sua contribuição no desenvolvimento da indústria do vinho na América do Sul. Hobbs trabalhou primeiro no Uruguai na década de 90 antes de começar uma parceria com a Família Deicas em Canelones no ano de 2012.

Amanda Barnes o entrevistou a respeito de como tem visto o desenvolvimento da indústria e onde considera que está o nicho para o Uruguai no mercado global.

 AB: Qual foi a sua primeira impressão quando visitou o Uruguai e qual foi o potencial que viu no nosso país?

PH: A minha primeira visita ao Uruguai foi no início dos anos 90 em uma viagem de consultoria para oferecer assessoramento a produtores de vinho em relação ao desenvolvimento de suas indústrias vinícolas. Naquele momento a indústria do vinho no Uruguai era bastante primitiva e lutando desesperadamente por fundos para crescer. A vinicultura era bastante homogênea, e todos estavam fazendo justamente o mesmo com pouco investimento e as vinícolas estavam um tanto dilapidadas.

Contudo, apesar desses problemas, eu pude ver a energia e a animação das pessoas ali, que tinham uma visão otimista e positiva! No entanto, parecia uma tarefa impossível, na minha opinião... porém, depois de outros dez anos mais ou menos, quando comecei a trabalhar com a família Deicas, havia um cenário muito diferente no Uruguai. 

Eu pude ver enormes melhoras na vinicultura e nas vinícolas, e eu fiquei realmente chocado em ver quanto o Uruguai tinha melhorado em uma década. A família Deicas estava pronta para investir e fazer mudanças, além de que tinham uma equipe de trabalho inteligente no local. Em pouco tempo fomos capazes de progredir muito, e foi muito impressionante ver como eles tinham o foco em trabalhar micro sítios e designações de vinhedos.

AB: Parte do seu trabalho aqui no Uruguai tem sido explorar diferentes e novos locais para o Tannat caracterizado pela terra. Quão diverso é o Uruguai nesse sentido e qual é o potencial para explorar mais profundamente, segundo você?

PH: O país é bastante pequeno, o que é uma limitante, e penso que o Uruguai já está bastante bem explorado, para ser sincero. É um país uniforme falando em termos de clima, porém os solos oferecem uma diversidade razoavelmente boa, considerando seu tamanho. 

Acho que os produtores de vinho deveriam continuar procurando mais possibilidades ao longo da costa, onde o clima é mais fresco. 

O Tannat não é tão forte como refletor do território quanto outras variedades de uvas, mas com certeza é o suficientemente pronunciado e você consegue perceber as diferentes expressões dos diferentes locais. 

AB: Tendo trabalhado com vinícolas do mundo todo, como foi a sua experiência produzindo vinhos no Uruguai e trabalhando conjuntamente com uma equipe uruguaia?

PH: O Uruguai, a Argentina e o Chile têm algo em comum no que diz respeito a sua cultura latino-americana, que é muito voltada à colaboração. Há um ótimo equilíbrio entre trabalho e vida social, porém os uruguaios são trabalhadores muito esforçados, além de responsáveis e dedicados, que sentem orgulho pelo que fazem

Para mim, trabalhar com uruguaios é muito revitaliza  dor. Às vezes, no velho mundo as pessoas têm dificuldades para avançar ou mudar, no entanto os uruguaios são abertos, aventureiros e estão apostos para explorar

O Uruguai é um lugar muito divertido para trabalhar e os uruguaios são tomadores de riscos, o que me impressiona! 

AB: Por que você considera que este é um bom momento para os vinhos uruguaios? 

PH: Acredito que é um bom momento para qualquer região de vinhos que esteja disposta a agarrar as oportunidades e a se adaptar em função de como as pessoas estão bebendo hoje em dia. Também é um bom momento para o Uruguai porque as pessoas estão explorando e abertos a experimentar novas regiões - os millenials querem entender o conceito de territorialidade e de propriedade de um lugar! Os millenials querem, ao mesmo tempo, aprender e ter experiências, e o Uruguai é um lugar que oferece uma ótima culinária, uma cultura interessante e pessoas dinâmicas e, portanto, se encaixa bem na forma em que o mundo está se movendo. 

“É um bom momento para o Uruguai porque as pessoas estão explorando e abertos a experimentar novas regiões”.

— PAUL HOBBS

 AB: Como você vê o futuro dos vinhos uruguaios?

PH: Estamos mesmo no início da estrada com os vinhos uruguaios! Uma das grandes coisas é transmitir a mensagem. É difícil promover consciência sobre uma região tão pequena, por isso estamos apenas na ponta do iceberg. 

É que nem o problema da galinha e do ovo - você precisa que as pessoas conheçam o país para poderem comprar os vinhos. No entanto, eu me lembro que aconteceu da mesma forma no caso da Argentina há 20 anos... Acredito que haverá uma curva de crescimento para o Uruguai, e acho que o Uruguai vai conseguir se posicionar a si mesmo como um dos pequenos grandes produtores de vinhos do mundo.

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