Mulheres no mundo dos vinhos

Mulheres no mundo dos vinhos: Margarita Carrau

Mulheres no mundo dos vinhos: Margarita Carrau

Nascida na nona geração de uma família de vinhos originária da Catalunha e estabelecida no Uruguai desde 1930, Margarita Carrau cresceu nos vinhedos e na indústria do vinho.

Atualmente, ela é um dos líderes da vinícola familiar em Rivera, Cerro Chapeu, e uma mulher destacada no âmbito dos vinhos no Uruguai.

Amanda a entrevistou sobre suas lembranças de crescer em um vinhedo e a respeito do que ela considera chave para o sucesso do Uruguai como um país de vinhos. 

 AB: Você nasceu no quadro do legado do vinho da família Carrau. Quais são as suas melhores lembranças de crescer em uma família dedicada aos vinhos?

MC: Crescer no seio de uma família dedicada aos vinhos me presenteou com muitas boas lembranças da minha infância, mas principalmente, minhas melhores lembranças são dos verões durante a época da vindima. Durante a vindima, geralmente nós estávamos de férias da escola e minha mãe sempre gostava que ficássemos próximos ao nosso pai, o que significava ir para a vinícola!

É nesse momento que colhemos o trabalho de um ano inteiro, portanto é o momento mais almejado na vinícola. Há muitas expectativas e muita alegria no ar, e uma sensação maravilhosa de trabalho em equipe, de colaboração.

Com o passar do tempo, o nosso interesse no vinho foi crescendo e, sem se quer perceber, naturalmente fomos nos envolvendo no mundo dos vinhos. O vinho sempre foi o assunto principal de bate-papo na mesa na hora das refeições na minha casa, por isso simplesmente aprendemos de forma natural por ouvir os nossos familiares.

“O Uruguai tem uma forte herança de famílias dedicadas ao vinho porque somos um país pequeno que ainda preserva as tradições das famílias de produtores de vinhos. ”.

— MARGARITA CARRAU

AB: As mulheres sempre foram uma parte importante da história dos vinhos Carrau?

MC: Nem sempre. A origem da nossa família é catalã, e tradicionalmente o filho mais velho era o herdeiro para manter em funcionamento o negócio familiar e evitar que desaparecesse através das gerações. Por isso, tradicionalmente, o vinho era um negócio de homens. 

Porém, Rosa Sust ficou viúva muito jovem de Francisco Carrau Mir. Ela tomou cuidado dos vinhedos e da vinícola em Barcelona, enquanto meu avô, Juan Pablo Carrau Sust, cresceu e estudou enologia. Para o momento em que ele terminou seus estudos, em 1928, Rosa - uma mulher - esteve encarregada da vinícola por 10 anos. 

Catalina Pujol, a minha avó, também tomou uma importante decisão no negócio da família, porque foi a responsável pela emigração para o Uruguai, de onde ela era originária, durante a enorme crise da Espanha, antes de que a guerra civil começasse. 

AB: A família Carrau tem um grande vinhedo em Rivera, ao norte do país. Como você descreve esse território único do Uruguai?

MC: Nossa família sente muito carinho por essa região, pois sua descoberta é resultado de um processo de pesquisa muito longo por parte do meu pai, Juan Francisco Carrau Pujol nos anos 70. Conjuntamente com Dr. Olmo de UC Davis, procuraram pelos melhores solos para a vitis vinifera no sul do Brasil. O meu pai primeiro comprou uma parcela de terra no Brasil e plantou uvas ali, e depois comprou algumas terras no Uruguai para estabelecer uma vinícola aqui. 

Os pobres solos arenosos e vermelhos, situados em uma paisagem incrível com vistas para a serra de Santana do Livramento, são absolutamente diferentes do resto do Uruguai. Como meu pai escreveu nas suas primeiras etiquetas de vinho de Cerro Chapeu nos anos 80, "essa região será reconhecida proximamente pela qualidade de seus vinhos, como os melhores do país". Quarenta anos depois, podemos dizer que esta região é muito bem reconhecida no Uruguai e no Brasil pelos vinhos tintos e brancos.

AB: O Uruguai tem uma forte herança de famílias de vinhos, como a sua. Por que você pensa que a família permanece como uma peça integral da indústria do vinho aqui?

MC: Eu penso que o Uruguai tem uma forte herança de famílias dedicadas ao vinho porque somos um país pequeno que ainda preserva as tradições das famílias de produtores de vinhos. Isso é normal na maioria dos países do mundo, porém nos maiores países as tradições mudaram e a produção de vinho é vista como um negócio e investimento de multinacionais. No entanto, no Uruguai somos apenas três milhões de pessoas e ainda podemos manter uma produção menor de vinho em escala familiar. Isso torna nossos vinhos muito diferentes do resto da América do Sul.

“O Uruguai é uma verdadeira pedra preciosa na América do Sul”.

— MARGARITA CARRAU

AB: O que faz você se sentir orgulhosa de ser uma produtora de vinhos no Uruguai hoje em dia? 

MC: Eu sinto orgulho por quantas famílias no Uruguai ainda sentem paixão e desfruta com a produção de vinho em pequena escala, embora haja pouco rendimento. As famílias uruguaias não estão apenas considerando os números, e sim o amor que sentem ao produzir vinhos. E nossos vinhos no Uruguai são sempre bem diferenciados porque, apesar do nosso país ser muito pequeno, temos solos, altitudes, terras e, portanto, vinhos muito diferentes. O Uruguai é uma verdadeira pedra preciosa na América do Sul.

CERRO CHAPEU
Linha divisória s/n, 40000
Rivera, Uruguai
www.cerrochapeu.com

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